22 Junho 2023
O Brasil e o mundo vão, além de envelhecer, ter uma população idosa cada vez mais concentrada nas faixas superiores da estrutura etária.
O artigo é de José Eustáquio Diniz Alves, demógrafo e pesquisador em meio ambiente, publicado por EcoDebate, 05-06-2023.
O século XX foi marcado pela transição demográfica, ou seja, pela redução das taxas de natalidade e mortalidade no mundo e na maioria dos países. A transição demográfica provoca, necessariamente, uma mudança de longo prazo na estrutura de idade, com redução da base e alargamento do topo da pirâmide etária. Por conseguinte, o século XXI herdará os efeitos da transição demográfica e será marcado pelo envelhecimento populacional.
O número e a proporção de idosos vai aumentar no Brasil e no mundo, como apontam os novos números das projeções populacionais da Divisão de População da ONU. Mas haverá também um envelhecimento do envelhecimento, isto é, as faixas etárias mais “jovens” da população idosa vão crescer em ritmo mais lento do que as faixas etárias mais “velhas”.
As quatro pirâmides populacionais da figura abaixo mostram como tem crescido a população idosa do Brasil e como as faixas acima de 70 anos crescem mais rápido do que as duas faixas compreendidas entre 60 e 69 anos.
Em 1950, o Brasil tinha 2,2 milhões de idosos, sendo que havia 1,4 milhão na faixa de 60 a 69 anos (representando 66% do total de idosos). No ano 2000, o número de idosos passou para 14,5 milhões de pessoas, sendo 8,5 milhões na faixa de 60 a 69 anos (59% do total de idosos).
Para 2050, a projeção é que o Brasil tenha 66,5 milhões de idosos, sendo 30,9 milhões na faixa de 60 a 69 anos (representando 46,5% do total de idosos) e, para o ano de 2100, a projeção indica 73,3 milhões de idosos, sendo 23,1 milhões na faixa de 60 a 69 anos (31,5%) e 50,2 milhões acima de 70 anos (representando 68,5%). Portanto, as faixas com maior crescimento são aquelas de 70 anos e mais de idade.
O gráfico abaixo apresenta de forma mais resumida para o Brasil os dois grupos de idosos: 60 a 69 anos e 70 anos e mais de idade. Nota-se que, em 1950, havia 1,4 milhão de idosos de 60-69 anos e 738 mil idosos de 70 anos e mais. No ano 2000, havia 8,5 milhões de idosos de 60-69 anos e 5,9 milhões de idosos de 70 anos e mais. Em 2050, o número de idosos de 60-69 anos (30,9 milhões) já será menor do que o número de idosos de 70 anos e mais (35,6 milhões).
Mas a predominância dos idosos de 70 anos e mais fica claro na segunda metade do século XXI, pois, em 2100, serão 23,1 milhões de idosos mais “jovens” (60-69 anos) e 50,2 milhões de idosos mais “velhos” (70 anos e mais).
As quatro pirâmides populacionais da figura abaixo mostram como tem crescido a população idosa no mundo e como, globalmente, as faixas acima de 70 anos crescem mais rápido do que as duas faixas compreendidas entre 60 e 69 anos. Em 1950, o mundo tinha 199 milhões de idosos, sendo que havia 124 milhões na faixa de 60 a 69 anos (representando 62,3% do total de idosos). No ano 2000, o número de idosos passou para 610 milhões de pessoas, sendo 339 milhões na faixa de 60 a 69 anos (55,5% do total de idosos).
Para 2050, a projeção é que o mundo tenha 2,1 bilhões de idosos, sendo 985 milhões na faixa de 60 a 69 anos (representando 46,2% do total de idosos) e, para o ano de 2100, a projeção indica 3,1 bilhões de idosos, sendo 1,2 bilhão na faixa de 60 a 69 anos (37,5%) e 1,9 bilhão acima de 70 anos (representando 62,5%). Portanto, as faixas que mais crescem são aquelas de 70 anos e mais de idade.
O gráfico abaixo apresenta de forma resumida para o mundo os mesmos dois grupos de idosos: 60 a 69 anos e 70 anos e mais de idade. Nota-se que, em 1950, havia 124 milhões de idosos de 60-69 anos e 75 milhões idosos de 70 anos e mais. No ano 2000, havia 339 milhões de idosos de 60-69 anos e 271 milhões de idosos de 70 anos e mais.
Em 2050, o número de idosos de 60-69 anos (985 milhões) será menor do que o número de idosos de 70 anos e mais (1,15 bilhão de idosos).
Mas, assim como no Brasil, a predominância dos idosos de 70 anos e mais fica claro na segunda metade do século XXI, pois serão 1,2 bilhão de idosos mais “jovens” (60-69 anos) e 1,93 bilhão de idosos mais “velhos” (70 anos e mais).
Portanto, o Brasil e o mundo vão, além de envelhecer, ter uma população idosa cada vez mais concentrada nas faixas superiores da estrutura etária. A expectativa de vida ao nascer será de 88 anos no Brasil e de 82 anos no mundo no final do século.
Hoje em dia existe um grande percentual da população mais idosa com problemas de saúde e com diversos tipos de incapacidade. Portanto, a principal tarefa das próximas décadas será diminuir a morbidade e avançar com o envelhecimento saudável e ativo.
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O envelhecimento do envelhecimento no Brasil e no mundo. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves - Instituto Humanitas Unisinos - IHU